domingo, 19 de julho de 2015

A Crise Midiática



O jornalismo global, especialmente o JN e o JG (a exemplo de outros meios de comunicação), adotaram a prática de repetir incontáveis vezes a palavra "crise" em cada edição, colocando-a na boca dos entrevistados, não só dos especialistas-em-tudo (deve haver alguma faculdade neste país, que ainda não identifiquei, que forma esse tipo de profissional), mas também, e muito, na boca das pessoas comuns do povo.
É uma maneira interessante de acostumar o público espectador a repetir inconscientemente o que quer a direção da emissora.
Em toda edição há sempre matérias que, a par de relatar o "crescimento do desemprego" e o "aumento de preços", sempre os "piores" índices e resultados de um certo período (que varia dos "últimos dois meses" aos "últimos 25 anos", conforme a conveniência dos editores), por exemplo, retratam as maneiras "criativas" que empregados e empresários vêm encontrando para "enfrentar" ou "driblar a crise". Aí você descobre que os empregados estão fazendo bico para reforçar o orçamento e que comerciantes - como os donos de restaurante - estão reduzindo os preços para atrair os clientes que se afastaram. Ora, então os "biqueiros" estão ganhando mais, ou ao menos mantendo o nível de renda, e os comerciantes estão contribuindo para reduzir a inflação - e isso é mal?
O valor dos alugueis tem caído, segundo os jornais, mas estes não se lembram de dizer que essa queda também contribui para derrubar a inflação.
Outra fala recorrente, em especial dos tais especialistas-em-tudo e dos comentaristas permanentes (Sardemberg e outros) é a expressão "crise de governabilidade". Há uma crise política ao lado da econômica e, por isso, o governo estaria engessado, paralisado, situação que, ao ver da Globo, exige uma pronta solução, ainda que não exatamente nos moldes democráticos.
Só que não!
É outra inverdade. Dilma acaba de fazer um périplo pela Rússia, Estados Unidos e outros países, amarrando acordos econômicos, mesmo correndo o risco de, no futuro, ser acusada por um promotorzonho qualquer de "tráfico internacional de influência" por promover a exportação de produtos brasileiros.
No âmbito interno, Dilma acaba de inaugurar uma majestosa ponte no sul do país - fato absolutamente ignorado pelo jornalismo global - e, bem ou mal, vem fazendo aprovar no Congresso o polêmico ajuste fiscal.
Ou seja, Dilma segue governando - esses que mencionei são apenas alguns exemplos, dentre inúmeros outros. A crise, a ingovernabilidade estão apenas na vontade dos donos da mídia. O problema é que eles dispõem de instrumental para difundir sua vontade até torná-la real, enquanto, nesse aspecto da guerra da comunicação, aí sim, o governo parece de fato mergulhado em profunda letargia.

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